# Função Inversa e Implícita

# Função Inversa

# Teorema:

Seja f:URnRnf: U \subset \R^n \to \R^n uma função de classe C1C^1, com UU aberto e um pUp\isin U. Se Df(p)0\vert Df(p)\vert \ne 0, então \exists um VRnV \subset \R^n aberto, onde f(p)Vf(p) \isin V, tal que f:UVf: U \to V é bijetiva e f1:VUf^{-1}: V \to U é de classe C1C^1. Isto é, para pU\forall p \isin U temos:

Df1(f(p))=[Df(p)]1 Df^{-1}(f(p)) = \lbrack Df(p)\rbrack^{-1}

TIP

Se Df(p)=0\vert Df(p)\vert = 0 o teorema nada afirma sobre a injetividade de ff! Normalmente nestes casos o prof. considera que é trivial ver a "olho" a injetividade de ff à volta do ponto considerado.

# Função Implícita

# Teorema:

Seja F:RnRmF : \R^n \to \R^m, com m < n, uma função de classe C1C^1 e (a,b)Rn(a,b) \isin \R^n tal que aRnma \isin \R^{n-m}, bRmb \isin \R^m e

F(a,b)=0;DFy(a,b)0 F(a,b) = 0; \; \vert DF_{y}(a,b) \vert \neq 0

Então, existe uma função ff de classe C1C^1, tal que, localmente em torno de (a,b)(a,b) se tem

F(x,y)=0y=f(x) F(x,y) = 0 \Leftrightarrow y = f(x)

Notas

  1. No caso geral, temos um sistema de m equações em RnR^n que nas condições acima descritas define implicitamente m variáveis, definidas por y em função das restantes n-m variáveis restantes, definidas por x.
  2. A matriz DFy(a,b)DF_y(a,b) designa a matriz das derivadas parciais da função F em ordem às variáveis designadas por y, no ponto (a,b).
  3. Para demonstrar o caso geral, recorre-se ao Teorema da Função Inversa:
Detalhes

Seja G:RnRnG: R^n \to R^n uma função de classe C1C^1 dada por:

G(x,y)=(x,F(x,y)),logoporconseque^nciaG(a,b)=(x,0) G(x,y) = (x,F(x,y)),\space logo\space por\space consequência\space G(a,b) = (x,0)
DG(a,b)=det[I0DxF(a,b)Dy(a,b)]=detDy(a,b)0, \vert DG(a,b)\vert = \det\begin{bmatrix} I & 0\\D_xF(a,b) & D_y(a,b) \end{bmatrix} = \det D_y(a,b) \ne 0,

II designa a matriz identidade com (n-m) linhas e (n-m) colunas.
Pelo Teorema da Função Inversa, GG é localmente injetiva na vizinhana de (a,b) e teremos então:

G(x,y)=(x,F(x,y))=(x,0)(x,y)=G1(x,0) G(x,y) = (x,F(x,y)) = (x,0) \Leftrightarrow (x,y) = G^{-1}(x,0)

ou seja, existe uma função ff definida na vizinhança do ponto a, tal que se verifica a equivalência:

F(x,y)=0y=f(x) F(x,y) = 0 \Leftrightarrow y = f(x)

Visto que G1G^{-1} é de classe C1C^1, a função ff também será.


# Calcular as derivadas implícitas

# Exemplo em que F:R3RF: \R^3 \to \R e queremos calcular zx\frac{\partial z}{\partial x}.

  1. Definimos F(x,y,z)=0F(x,y,z) = 0
  2. Calculamos DF(a,b,c)DF(a,b,c), e verificamos se DFz(a,b,c)0DF_z(a,b,c) \ne 0
    • (Se Fz\frac{\partial F}{\partial z} = 0 então não podemos escrever z como função implícita de x e de y, como pelo Teorema F. Imp.)
  3. Definimos FF como F(x,y,f(x,y))=0F(x,y,f(x,y)) = 0 (em que z=f(x,y)z = f(x,y))
  4. Derivamos F em ordem a x e y (neste caso como só queremos zx\frac{\partial z}{\partial x} podiamos só calcular a derivada de F em ordem a x, mas assim ficamos com o caso geral..)
F(x,y)(a,b,c)={Fx(a,b,c)+Fz(a,b,c)fx(a,b)=0Fy(a,b,c)+Fz(a,b,c)fy(a,b)=0 \frac{\partial F}{\partial (x,y)}(a,b,c) = \begin{cases} \frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) + \frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)\frac{\partial f}{\partial x}(a,b) = 0\\ \frac{\partial F}{\partial y}(a,b,c) + \frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)\frac{\partial f}{\partial y}(a,b) = 0\end{cases}
  1. Massajar a equação Fx(a,b,c)+Fz(a,b,c)fx(a,b)=0\frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) + \frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)\frac{\partial f}{\partial x}(a,b) = 0
Fx(a,b,c)+Fz(a,b,c)fx(a,b)=0Fz(a,b,c)fx(a,b)=Fx(a,b,c)fx(a,b)=Fx(a,b,c)Fz(a,b,c)zx(a,b)=Fx(a,b,c)Fz(a,b,c) \\ \frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) + \frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)\frac{\partial f}{\partial x}(a,b) = 0 \Leftrightarrow \\ \Leftrightarrow \frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)\frac{\partial f}{\partial x}(a,b) = -\frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) \Leftrightarrow \\ \Leftrightarrow \frac{\partial f}{\partial x}(a,b) = \frac{-\frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c)}{\frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)} \Leftrightarrow \\ \Leftrightarrow \frac{\partial z}{\partial x}(a,b) = \frac{-\frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c)}{\frac{\partial F}{\partial z}(a,b,c)}
  1. Vitória! Mas e se F não for um campo escalar (RnR\R^n \to \R)?

# Exemplo em que F:R3R2F: \R^3 \to \R^2

  1. Seja F(x,y,z)={F1(x,y,z)=0F2(x,y,z)=0F(x,y,z) = \begin{cases} F_1(x,y,z) = 0 \\ F_2(x,y,z) = 0 \end{cases}
    • Neste caso conseguimos escrever 2 incognitas em função da terceira, como por exemplo y=f(x)y = f(x) e z=g(x)z = g(x).
  2. Calculamos DF(a,b,c)DF(a,b,c), e verificamos se DFyz(a,b,c)0\vert DF_{yz}(a,b,c) \vert \ne 0
    • (Tal como no exemplo acima, se o DFyz(a,b,c)=0\vert DF_{yz}(a,b,c) \vert = 0 não conseguimos escrever y e z como funções de x)
  3. Definimos F(x,y,z)={F1(x,f(x),g(x))=0F2(x,f(x),g(x))=0F(x,y,z) = \begin{cases} F_1(x,f(x),g(x)) = 0 \\ F_2(x,f(x),g(x)) = 0 \end{cases}
  4. Se quisermos as derivadas em ordem a x como no exemplo anterior então:
Fx(a,b,c)={F1x(a,b,c)+F1y(a,b,c)fx(a)+F1z(a,b,c)gx(a)=0F2x(a,b,c)+F2y(a,b,c)fx(a)+F2z(a,b,c)gx(a)=0 \frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) = \begin{cases} \frac{\partial F_1}{\partial x}(a,b,c) + \frac{\partial F_1}{\partial y}(a,b,c) \frac{\partial f}{\partial x}(a) + \frac{\partial F_1}{\partial z}(a,b,c) \frac{\partial g}{\partial x}(a) = 0 \\ \frac{\partial F_2}{\partial x}(a,b,c) + \frac{\partial F_2}{\partial y}(a,b,c) \frac{\partial f}{\partial x}(a) + \frac{\partial F_2}{\partial z}(a,b,c) \frac{\partial g}{\partial x}(a) = 0\end{cases}
  1. Massajamos Fx(a,b,c)\frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) de modo a acharmos f(a)f'(a) e g(a)g'(a)
Fx(a,b,c)={F1y(a,b,c)fx(a)+F1z(a,b,c)gx(a)=F1x(a,b,c)F2y(a,b,c)fx(a)+F2z(a,b,c)gx(a)=F2x(a,b,c)[F1y(a,b,c)F1z(a,b,c)F2y(a,b,c)F2z(a,b,c)][f(a)g(a)]=[F1x(a,b,c)F2x(a,b,c)] \frac{\partial F}{\partial x}(a,b,c) = \begin{cases} \frac{\partial F_1}{\partial y}(a,b,c) \frac{\partial f}{\partial x}(a) + \frac{\partial F_1}{\partial z}(a,b,c) \frac{\partial g}{\partial x}(a) = -\frac{\partial F_1}{\partial x}(a,b,c)\\ \frac{\partial F_2}{\partial y}(a,b,c) \frac{\partial f}{\partial x}(a) + \frac{\partial F_2}{\partial z}(a,b,c) \frac{\partial g}{\partial x}(a) = -\frac{\partial F_2}{\partial x}(a,b,c)\end{cases} \Leftrightarrow \\ \Leftrightarrow \begin{bmatrix} \frac{\partial F_1}{\partial y}(a,b,c) & \frac{\partial F_1}{\partial z}(a,b,c) \\ \frac{\partial F_2}{\partial y}(a,b,c) & \frac{\partial F_2}{\partial z}(a,b,c) \end{bmatrix} \begin{bmatrix} f'(a) \\ g'(a) \end{bmatrix} = - \begin{bmatrix} \frac{\partial F_1}{\partial x}(a,b,c) \\ \frac{\partial F_2}{\partial x}(a,b,c) \end{bmatrix}

Só conseguimos calcular as derivadas se

det[F1y(a,b,c)F1z(a,b,c)F2y(a,b,c)F2z(a,b,c)]0DFyz(a,b,c)0 \det \begin{bmatrix} \frac{\partial F_1}{\partial y}(a,b,c) & \frac{\partial F_1}{\partial z}(a,b,c) \\ \frac{\partial F_2}{\partial y}(a,b,c) & \frac{\partial F_2}{\partial z}(a,b,c) \end{bmatrix} \ne 0 \Leftrightarrow \vert DF_{yz}(a,b,c) \vert \ne 0

No caso de conseguirmos temos, então

[f(a)g(a)]=[F1y(a,b,c)F1z(a,b,c)F2y(a,b,c)F2z(a,b,c)]1[F1x(a,b,c)F2x(a,b,c)] \begin{bmatrix} f'(a) \\ g'(a) \end{bmatrix} = - \begin{bmatrix} \frac{\partial F_1}{\partial y}(a,b,c) & \frac{\partial F_1}{\partial z}(a,b,c) \\ \frac{\partial F_2}{\partial y}(a,b,c) & \frac{\partial F_2}{\partial z}(a,b,c) \end{bmatrix}^{-1} \begin{bmatrix} \frac{\partial F_1}{\partial x}(a,b,c) \\ \frac{\partial F_2}{\partial x}(a,b,c) \end{bmatrix}
  1. =] Casos gerais visitados.